Elétrico do Porto

Elétrico do Porto


Photo by IngolfBLN - Porto - Elétricos - Material CirculanteUploaded by JotaCartas, CC BY-SA 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=24982796

A rede de eléctricos da cidade do Porto, existente desde 1895, é explorada pela STCP, contando, em 2011, com três carreiras regulares de serviço de passageiros. A rede actual tem uma extensão de 8,9 km.

A bitola é de 1435 mm2 3 (bitola internacional), idêntica à do Metro do Porto e muito mais larga que a dos outros dois sistemas semelhantes em operação em Portugal: Sintra (1000 mm) e Lisboa (900 mm)

Linhas
O eléctrico ao lado do Hospital de Santo António na Linha 18.

Para viajar nas linhas do eléctrico tem de ter um cartão ou terá de adquirir a bordo o seu bilhete que tem um custo de 2,50€ por viagem. São ainda válidas as assinaturas mensais da STCP e Andante Gold.

- Linha 1: Passeio Alegre-Infante:faz o percurso da marginal do Rio Douro, entre o Infante, perto da Ribeira e o Passeio Alegre, na Foz do Douro.

Esta linha foi a grande sobrevivente do sistema de eléctricos do Porto, tendo sido por muitos anos a única maneira de andar de eléctrico na cidade. O percurso foi por algumas ocasiões dividida em duas seções; linha 1E Barra (ou seja, a figura 1 com uma linha através dele) corre ao longo do rio desde o Passeio Alegre (Cantareira) até Massarelos, de onde linha 1 completava a linha até ao Infante . Actualmete o percurso é totalmente feito pela linha 1. entre o Passeio Alegre e o Infante. Antes da linha 1(autocarros) ter mudado de nome para linha 500. A linha era identificada por linha 1E de "Eléctrico" para distinguir da linha de autocarro. O troço oeste desta linha entre Massarelos e o Passeio Alegre (Foz) foi reaberto em 2002 e o troço entre Massarelos e o Infante foi reaberto no ano seguinte. No seu percurso original a linha 1 (ou 1E) ligava o Infante a Matosinhos (mercado).

- Linha 18: Massarelos-Carmo: faz a ligação desde Massarelos, perto do Museu do Carro Eléctrico, até ao Carmo, perto da Praça dos Leões e da Reitoria da Universidade do Porto).

Esta linha foi reaberta a 17 de Dezembro de 2005, no percuro provisório entre Massarelos e Viriato (Rua da Restauração). O seu termino foi Viriato durante alguns anos até a reabertura do seu término histórico, um pouco mais perto do centro da cidade, no Carmo. A viagem, realiza-se principalmente em canal reservado e em via única. A frequência de serviço é de meia hora, liga à linha 22 no Carmo.

- Linha 22: Circular Carmo-Batalha: faz a ligação entre o Carmo e a Batalha, com ligação à estação do Funicular dos Guindais, explorado pela Metro do Porto. Também perto da paragem Aliados, pode aceder à estação de Metro Aliados, Linha D (amarela).

Em setembro de 2007, 30 anos depois os eléctrico voltou à Baixa do Porto com a linha 22. Passando nas principais artérias da baixa da cidade, com Rua dos Clérigos, Praça da Liberdade, Rua 31 de Janeiro, Praça da Batalha, Rua de Santa Catarina, Avenida dos Aliados e Rua de Ceuta. Esta linha liga Carmo à Batalha a cada 30 minutos.

No Carmo, o 22 cruza com a linha 18, que por sua vez, liga à linha 1E em Massarelos, facilitando assim a utilização de todas as linhas de Eléctricos.

- Linha T: Porto Tram City Tour: circuito turístico desde o Infante à Batalha, foi descontinuado pela STCP, com a necessidade de acentuar o caráter predominantemente turístico deste produto, promover uma maior integração com o Museu do Carro Elétrico e diminuir os custos de operação com a rede de Eléctricos. O serviço turístico e o serviço regular foram fundidos no passando o Porto Tram City Tours a ser efectuado pelas linhas 1, 18 e 22 do anterior serviço regular. Esta reformulação foi acompanhada por um aumento do preço do bilhete ocasional e da sua validade (agora de apenas um viagem) e pela criação de pacotes integrados com o Museu do Carro Eléctrico.

 

Elétrico do Porto
Photo by IngolfBLN - Porto - Elétricos - Material CirculanteUploaded by JotaCartas, CC BY-SA 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=24982793


História

Início dos serviços
Carro Americano (de tracção animal) em exposição no Museu do Carro Eléctrico.
Em 1870, é autorizada, ao Barão de Trovisqueira, a concessão de um serviço de transportes públicos, a primeira linha, ligando as zonas do Infante e Carmo à Foz ao longo do Rio Douro, foi aberta em 1872 pela Companhia Carril Americano do Porto. Os serviços eram efectuados entre a Foz e, alternadamente, o Infante e o Carmo. Os veículos utilizados eram Carros Americanos, que consistiam em carruagens rebocadas por animais. As linhas seriam, no ano seguinte, ampliadas até Matosinhos, ao longo do Oceano Atlântico.

Em 14 de Agosto de 1874, entra em exploração, pela Companhia Carris de Ferro do Porto, também utilizando veículos a tracção animal, a linha desde a a Praça de Carlos Alberto até à Foz (Cadouços), via Boavista e Fonte da Moura. Esta empresa abre, no ano seguinte, as primeiras linhas urbanas, entre Boavista e Campanhã, e entre Bolhão e Aguardente (posteriormente denominada de Praça do Marquês de Pombal). A 3 de Novembro, a Estação de Recolha da Boavista é destruída num incêndio.

A tracção a vapor é, em 1878, introduzida na Linha entre a Boavista e Foz (Cadouços), através da utilização de uma locomotiva a vapor, complementando o uso de tracção animal. O uso deste sistema é alargado até Matosinhos em 1882, através da rua de Gondarém.

Fusão e expansão da rede

Em 1893, a Companhia Carril Americano do Porto é adquirida pela Companhia Carris de Ferro do Porto, e, em 12 de Setembro de 1895, é electrificada a linha entre o Carmo e a Arrábida, utilizando a energia fornecida por uma central própria, na Arrábida; esta foi a primeira linha a tracção eléctrica que entrou ao serviço na Península Ibérica. Em 1896, a ligação entre o Infante e Massarelos também passa a usar este tipo de tracção, e, no ano seguinte, é completada a electrificação das linhas até à Foz, a 2 de Abril, ao Castelo do Queijo, em 24 de Maio, e Matosinhos, em 29 de Outubro. Em 19 de Maio de 1899, é a vez da ligação entre a Praça Dom Pedro (posteriormente denominada Praça da Liberdade) e a Praça Marquês de Pombal.
Av. da República, em Gaia, com ciculação de elétricos a partir 1905.

Em Fevereiro de 1902, previa-se a introdução de vários melhoramentos no sistema de alimentação eléctrica, estudados por Jorge da Cunha, então chefe dos serviços telegráficos do Porto, e pelo engenheiro Blanc, que iniciou as obras de electrificação da Companhia. O projecto incluía, entre outros aperfeiçoamentos, a instalação de feeders de alimentação e retorno, já utilizados pela operadora dos eléctricos de Lisboa, e de boosters de regularização, estando um destinado à linha entre Arrábida e Leça da Palmeira; previa-se, igualmente, o início da produção de correntes de alto potencial, transportadas a várias subestações de distribuição, e de correntes alternativas trifásicas, levadas a uma subestação junto à Praça de D. Pedro, aonde seriam transformadas em contínuas, que eram utilizadas pelos eléctricos. Nas máquinas, seriam instaladas duas baterias de acumuladores, e seriam introduzidos ao serviço dínamos trifásicos síncronos ou assíncronos de produção eléctrica, sem quaisquer transformações. Nesse ano, um eléctrico perdeu os travões, enquanto descia a Rua de Santo António; o guarda-freio, desorientado, não utilizou o travão eléctrico, tendo-se limitado a avisar os transeuntes; o carro parou na Praça de D. Pedro, sem ter descarrilado, tendo apenas um passageiro ficado levemente ferido ao saltar do veículo em andamento. Este incidente veio chamar a atenção para a falta de treino que se fazia sentir, naquela altura, entre os guardas-freio em Lisboa e no Porto, para lidar com os troços mais perigosos.

Em 22 de Setembro de 1904, termina a tracção animal, com a introdução da tracção eléctrica na linha entre o Carmo e Paranhos. Em 28 de Outubro do ano seguinte, é aberta à exploração a ligação até Gaia, atravessando o tabuleiro superior da Ponte Luís I, e, em 1912, é introduzido um sistema de numeração nas linhas.

A tracção a vapor é terminada em 1914, com a electrificação da Avenida da Boavista em substituição do trajecto entre Fonte da Moura, Cadouços e Rua de Gondarém. No ano seguinte, abre a estação de geração em Massarelos, que substitui as instalações na Arrábida, neste ano, já existiam 19 linhas em circulação.

Em 1928, a Remise da Boavista é, novamente, atingida por um incêndio, que destrói o edifício7 ; 23 carros eléctricos, quatro atrelados e duas zorras são perdidas, e seis carros eléctricos são muito danificados.

Nacionalização, auge e declínio do sistema de eléctricos

Museu do Carro Eléctrico visto a partir do Rio Douro.

Em 1946, a Companhia Carris de Ferro do Porto é nacionalizada pela Câmara Municipal do Porto, que forma o Serviço de Transportes Colectivos do Porto para gerir o sistema de carros eléctricos. A primeira linha de autocarros, entre a Avenida dos Aliados e Carvalhido, abriu a 1 de Abril de 1948.

Em 1950, atinge-se o apogeu da rede dos carros eléctricos, com 150 quilómetros de via divididos em 38 linhas, e um parque de material circulante com 193 carros eléctricos e 24 reboques; no ano seguinte, é construído um protótipo, com o número 500, para uma nova geração de carros eléctricos, de traços mais modernos, que dispunha de portas automáticas operadas de forma pneumática pelo condutor. Uma outra característica inovadora deste protótipo é que incluía cadeiras para o condutor e para o técnico de revisão. No entanto, não chegaram a ser construídos mais veículos desta série.


No entanto, em 1957, é encerrada a estação de geração de electricidade de Massarelos, encontrando-se, em serviço, no ano seguinte, apenas 81 quilómetros de via, circulando 192 carros eléctricos.4 As primeiras linhas de eléctricos são encerradas a 1 de Janeiro de 1959, enquanto que as primeiras 4 linhas de tróleicarros iniciam a sua exploração a 3 de Maio do mesmo ano. Além da concorrência destas novas modalidades de transporte, o serviço de carros eléctricos também começou a sofrer de limitações económicas e técnicas, como a circulação nas exíguas ruas e avenidas da cidade.

Em 1966, ainda restavam 72 quilómetros de via ao serviço, percorrida por 184 eléctricos, sendo os últimos atrelados retirados ao serviço no dia 31 de Dezembro desse ano. No ano seguinte, são substituídas as primeiras linhas de eléctricos por autocarros, passando a rede a contar apenas com 44 quilómetros de via e 130 eléctricos. Em 1968, o serviço de eléctricos é, de novo, reduzido, possuindo apenas 127 veículos que circulam em 38 quilómetros de via.

A partir de 1978, extinguem-se todos os serviços de eléctricos que circulam após as 21 horas; neste ano, a rede dispunha de 84 veículos e 21 quilómetros de via. Em 1983, são eliminados os serviços aos domingos.

Em 1988, data em que a Estação de Recolha da Boavista é substituída pela de Massarelos para o serviço normal, a rede de eléctricos dispunha apenas de 18 quilómetros de linha e 50 veículos. Entre Março e Julho de 1991, os eléctricos foram recolhidos nas instalações da Boavista devido a obras nas ruas da cidade.


Recuperação do sistema de eléctrico

Carruagem N.º 9 de 1873 no National Tramway Museum em Crich (Inglaterra).

A 4 de Maio de 1992, foi organizado um desfile de eléctricos, em que participaram vários veículos históricos, e, no 18 de Maio, foi aberto o Museu do Carro Eléctrico, nas instalações de Massarelos; no mesmo contexto, foi realizada, pela Sociedade de Transportes Colectivos do Porto e pela delegação do Porto da Associação Portuguesa dos Amigos dos Caminhos de Ferro, uma reunião de entusiastas na Boavista. Nesse ano, só existiam 3 carreiras em funcionamento, utilizando 19 dos 35 eléctricos em estado de funcionamento, servindo praticamente apenas zonas periféricas na cidade; planeava-se a substituição de toda a rede por uma só linha turística, ao longo da margem do Rio Douro, ligando a cidade às praias no Oceano Atlântico.4 Em 11 de Setembro de 1993, foi suprimida a linha 19, que ligava a Boavista a Matosinhos; a operadora justificou esta decisão com a falta de rendibilidade dos carros eléctricos, devido aos elevados custo de manutenção e consumo de energia eléctrica. Com este encerramento, apenas ficaram duas carreiras, a 18, que ligava o Carmo, Foz e Boavista, e a 1, desde o Infante até ao Castelo do Queijo; nesta altura, previa-se o encerramento da linha 18, ficando a outra a circular para fins turísticos.

Em 1996, só restava uma linha de eléctricos, a 18, com 14 quilómetros de via, efectuado por três veículos, que funcionava entre as 9 e as 19 horas, com uma frequência de 35 minutos; os serviços ao Domingo são retomados. Em meados da década de 1990 grande parte da frota remanescente foi alienada, no âmbito da retração da rede e do serviço planeada pela gestão, e a exemplo da congénere lisboeta, passando para as mãos de particulares, museus, e outros sistemas de transporte.3 Até finais de 1996 haviam sido vendidas unidades para sete destinos estrangeiros — nomeadamente Estados Unidos (31 veículos), Inglaterra (oito carros de linha e quatro zorras), e Canadá, Argentina, Escócia, Espanha, e Itália (uma ou duas unidades para cada). Os preços de venda neste período variam entre 1,5 e 5 milhões de escudos, consoante o estado de conservação de cada veículo — valor muito superior ao praticado em Lisboa na mesma época, devido ao rodado em bitola internacional, integrável na maioria das vias no destino.

Entre Junho a Novembro de 1998 e Fevereiro a Maio do ano seguinte, realizam-se, novamente, obras nas ruas, tendo os eléctricos sido, como dantes, reunidos na Remise da Boavista; neste último ano, iniciou-se a demolição destas instalações, para dar lugar à Casa da Música. Em 2005, a linha 18 reabriu até ao Carmo (Cordoaria), e 3 carros eléctricos são doados para a cidade de Santos, no Brasil. Em 21 de Setembro de 2007, abre a linha 22, até à Praça da Batalha (Funicular dos Guindais).

Actualidade

Em 2010 os carros eléctricos transportaram 390 mil pessoas, 32 mil por mês, mais de mil por dia, a imensa maioria constituída por turistas9 .

A rede actual tem uma extensão de 8,9 km.

Expansões futuras

Linha 1 - futuramente a linha poderá estender-se até ao Castelo do Queijo ou até Matosinhos, embora recentes remodelações na marginal tenham dado prioridade exclusiva ao tráfego rodoviário. Também está em estudo a ligação entre o Infante e a Estação de São Bento pela Rua de Mouzinho da Silveira.
Museu do Carro Eléctrico
Ver artigo principal: Museu do Carro Eléctrico

Museu do Carro Eléctrico encontra-se instalado na antiga central termo-eléctrica de Massarelos, junto à Remise de Massarelos, aonde se encontra parqueada a frota dos eléctricos em serviço.

O espólio pertencente ao museu dispõe de dezasseis carros eléctricos, cinco carros atrelados, dois carros automóveis de apoio aos carros eléctricos.

Todos os anos é organizado um desfile pelas ruas da cidade entre Massarelos e o Passeio Alegre.


Fonte: Wikipedia.org